Balneário Camboriú troca hotéis antigos por arranha-céus de luxo
Jeferson Bertolini
Colaboração para a FOLHA, em Florianópolis
01/01/2017.
O bar, a piscina e os cem apartamentos daquele hotel, que durante 50 anos foi uma referência em hospedagem em Balneário Camboriú (a 78km de Florianópolis) foram derrubados. Vítima dessa demolição em 2012, o Camboriú Palace Hotel será substituído agora por um prédio de apartamentos de luxo com 30 andares - a ser inaugurado em dezembro de 2017 em um dos principais destinos de praia catarinense.
O Hotel Fisher também era marca de hospedagem na cidade de 131mil moradores que no verão recebe 2 milhões de turistas. Também foi demolido em 2012, após quase 60 anos de atividade. O lote que ocupava, na avenida no mar, abrigará um prédio de 50 andares com apartamentos de até 5 suítes.
A história das duas hospedarias é exemplo de uma prática crescente no balneário catarinense: construídos em áreas privilegiadas, hotéis baixinhos e antigos tem sido vendidos, demolidos e substituídos por prédios residenciais de luxo, com mais de 50 andares e apartamentos que podem custar R$10milhões. O resultado, na prática, é a troca do "turista pobre" pelo "morador rico". "Eu não usaria estes termos. Mas o pensamento é este mesmo", diz Dirce Fistarol, presidente do Conselho Municipal do Turismo e vice-presidente do Sindicato dos Hotéis.
Entre 2006 e 2012, segundo o sindicato, 17 desses espaços foram demolidos na cidade para dar lugar a arranha-céus de apartamentos de alta classe. Essas demolições resultaram no fechamento de 3000 dos 20 mil leitos da rede hoteleira na época, ou 15% do total. A rede parou de diminuir porque surgiram construtoras interessadas em erguer hotéis de luxo. "São hotéis de primeira linha para atender a demanda européia e dos Estados Unidos", diz Fistarol. Hoje, há 19 mil leitos na cidade.
Um apartamento de luxo na Avenida do mar, onde ficava o Hotel Fisher, pode custar mais de R$10 milhões. "Os caras (compradores) não ficam nem vermelhos quando se revela o preço", diz o presidente do sindicato das construtoras de Balneário Camboriú, Carlos Haacke. O desenvolvimentos do mercado de luxo na cidade teve início em 2000, de acordo com o sindicato, e se intensificou em 2006, com o novo Plano Diretor, que viabilizou prédios mais altos e apartamentos maiores.
SOMBRA NA PRAIA
Há em Balneário Camboriú uma espécie de disputa pela construção de prédios residenciais altos. O Yachthouse, com 74 andares, deverá ficar pronto em 2019. O Infinity Coast, com 66 andares, ainda não tem entrega prevista.
Atualmente, o prédio mais alto da cidade é o Millennium Palace, com 45 andares. Ele chega a 177 metros de altura e ultrapassa o Edifício Paulistano Mirante do Vale, com 170 metros.
A construção de prédios com mais de 50 andares na avenida do mar ou quadras próximas tem agravado um problema antigo na cidade: asombra na faixa de areia durante a tarde, em pleno horário do banho de sol e de mar. Até o início dos anos 2000, a sombra provocada pelos prédios da orla cobria os veranistas às 16horas. Agora, com a edifícios mais altons, há pontos com sombra às 14h.
A Secretaria de Turismo e Desenvolvimento apoia o boom imobiliário, segundo a pasta, porque "força outros nichos empreendedores a se qualificar". Para o diretor de marketing e projetos turísticos da pasta, Helder Couto Vieira, o que ocorre na cidade "é a mudança do perfil do investidor, não do turista". Mas ele afirma que a cidade "vem recebendo turistas com maior poder aquisitivo, que permanecem mais tempo e gastam mais no comércio".
O b
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/01/1846107-balneario-camboriu-troca-hoteis-antigos-por-arranha-ceus-de-luxo.shtml